O homem é resultado daquilo que ele pensa sobre o mundo, do que o mundo pensa a respeito dele, e do que ele pensa sobre si mesmo... Schopenhauer disse algo assim, não me lembro se foi exatamente com essas palavras e estou com preguiça de ver no livro a página que grifei...
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Nascimento da criança geopolítica (Salvador Dalí) |
Mas quando digo sobre estar preso numa cela, não é por achar que esse nosso conjunto de regras bem constituídas (bem escritas pelo legislativo) estejam incorretas em sua essência (intenção por trás da ação)... é um vagar por caminhos que não enxerga semblante positivo nessa dependência... esse nosso "ser" precisando de outrem de uma maneira esmagadora... teorias de mercado... cursos de finanças... medos e valores sintéticos...
Vidas desperdiçadas... vazias... remediadas...num cortejo fúnebre rumo ao nada... ali batido, entre o certo e o errado, a tradição do local e bloqueio global... na alienação "do que é dito, do que é visto... acesso é o poder e o poder é a informação"...
O odor de um livro que precisa ser fechado para que as demandas de um dia de trabalho possam ser atendidas faz desacreditar que a cidadania sirva de alguma coisa no final das contas... quem descobriu o Brasil? quem revolucionou o quadro político e social no ocidente? quem foi Marat? quem foi Adam Smith?... eu questiono sussurrando pra mim mesmo olhando para o teclado... quem foi você? quem é você? quem somos nós?
A hora que mais me sinto bem é quando consigo esquecer de quem eu sou... não mais o mundo e eu e não mais eu e o mundo... sem o dever... sem o estar... sem o parecer... quando o que reflito não tem mais haver com o que o espaço desenhado espera de mim...
São questões que os donos de nossas empresas nunca ouviram e nem ouvirão falar, perdidos em números e gostos sofisticados (uma cultura elitizada, sem paladar, soberbada e envaidecida) ditando regras éticas, estéticas e estáticas... da mesma forma que no passado o senhor de engenho, em sua fazenda perdida no meio do nada, era tão ignorante quanto os escravos dos quais era dono... só a cor os diferenciavam...
Ainda somos essa mesma sociedade...
Enquanto nos porões das fábricas nosso suor move as máquinas, a fumaça cinza apaga o sol... os Zyklom b estão por toda parte.... na propaganda e nos livretos de alto ajuda que nada dizem e tudo dão... dão à ignorância o sabor superficial que engana o azedo da morte, e o corante ao escuro abismo do latejo neural.
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Davi e Golias (Michelangelo) |
A miséria nossa que a sociedade do espetáculo não nos deixa ver... trancafiados no que precisamos parecer, para não perder o pequeno nada que conseguimos... correndo entre gigantes mortos em castelos do céu...
num tenro véu... entre o dever e o estar, o moral e o imoral... a cantiga e o grito...
sempre haverão dois lados...
a concordância, o comumente, o cômodo.... e a insônia insana irracional que não aceita entrar nos trilhos... sem conservadorismos, sem militância didática... a escola nos transforma, o mercado nos utiliza... nossos sonhos se vendem... e Kafka adentra meus lençóis...
...Amanhã comprarei algo pela internet...
Fernando da Silva Ribeiro (Sinnentleerten)
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