quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A virtude CONTEMPORÂNEA E MODERNA

"...A virtude CONTEMPORÂNEA E MODERNA é uma espécie de ato e pensamento que segue uma cartilha. E o vício aquilo que se desenquadra.

Não elogio simplesmente o vício e lógico que não podemos generalizar que tudo na virtude seja ruim e no vício seja bom, mas com uma ampliação da perspectiva sobre suas funções acredito que podemos chegar mais perto da ética aristotélica, que tem como objetivo final ANTES da felicidade, assegurar que o indivíduo consiga ver suas convicções passíveis de transformações independente de sua essência, com a potencialização de seus sentidos, e assim peneirar as coisas sem ficar preso as imposições primárias da vida em grupo. Um eterno questionar metafísico.
Pois só ajustando e modificando as disposições é que conseguimos chegar perto da racionalidade realmente compatível com nosso caráter.

Como acredito que a razão é uma coisa que NÃO se ensina utilitária e politicamente, mas sim que o próprio indivíduo é capaz de lapidar conforme sua rebelião interna vai dando abrigo ao devir, acho que a aceitação dos vícios e uma negação da virtude imposta é primeiro passo para a independência do pensamento (uma certa inversão de alguns valores).

Quando você lê os livros que você quer, indo ao sebo e a livraria, procurando algo compatível ao que está pensando e buscando em seu movimento filosófico, é muito mais independente daquilo que na academia professores lhe indicam para ler e que logo terá de fazer prova para mostrar o que entendeu...
Na academia seu pensamento, suas virtudes e vícios intelectuais estão expostos ao julgamento.

Como o Liceu de Aristóteles morreu (Que enxergava que o homem só é feliz se puder desenvolver e utilizar suas capacidades e possibilidades para uma vida boa e digna), hoje só ficou essa forma de estudar em que um professor dá a direção "correta" e o aluno tem de caminhar por aquele caminho, onde o caráter do professor tem de ser respeitado sem levar em conta o aluno (aliás muitas escolas adoram dizer que respeitam o aluno como "ser humano", ou seja, já descarta a possibilidade de analisá-lo sem ideologia), vejo que seria papel sim do Estado a educação, mas filosoficamente acho que o papel do pensador é sair dessa onda política e entrar muito mais como um agente que possibilita a provocação e a reflexão do que alguém que dita a direção.

Isso sim seria Aristóteles nos dias de hoje. Algo mais visceral no que diz respeito a assuntos e dilemas envolvendo vícios e virtudes e nada pragmático..."

Fernando.Sinnentleerten

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Correção

Correção! Não deves compreender a ida. 
Acorda cedo... Acorda pra ver quanto tempo perdeu com tanta areia na vista.
O corpo decompõe... o corpo decompõe aos poucos e não há nada que devolva a sensação de ainda termos tanto a viver, termos tanto a ver com correntes nas pernas; e a boca em xilocaína não deixando saber, não deixando sentir o gosto das sobremesas pelas quais trocamos nossas vidas.
Correção! Em "dialética materialista" erguemos estátuas faraônicas que representam arquétipos da satisfação em versões que não rodam em Linux, e que não vão deixar teu acesso ultrapassar a segurança da rede.


O que farias ao constatar que a Dolly de Jeová tem o DNA de Gates e Lênin, e que curamos a revolução sexual com sarcomas de kaposi e nosso quintal armazena teus erros e acertos; e que brindamos ao mesmo "O Capital" estudado em Harvard e pelo qual reciclamos utopias em petróleo?
Pandora, agora é tarde demais, o Zyklom B está por toda parte e estáticos frente a comerciais movemos dínamos e engrenagens: Trabalhar e prosperar, estudar e alcançar o nirvana patriarcal... Aprender a processar e a parcelar as dívidas.
Kafka, morfina e Anthrax.

Correção! Música popular deve anestesiar as mentes em refrões atóxicos...

Nenê Altro

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Tonight, Tonight

Opção


“...Decorre que não existe o sim e o não, o querer e o negar, o viver e o morrer... No fim, o que evidencia nossa passagem pela existência são nossos sentidos, que de maneira absurda frente ao caos absorve e repele tudo, mesmo quando opta pelo nada...” 

Fernando Sinnentleerten

...A verdadeira substância de toda a arte...

"A serenidade não é feita nem de troça nem de narcisismo, é conhecimento supremo e amor, afirmação da realidade, atenção desperta junto à borda dos grandes fundos e de todos os abismos; é uma virtude dos santos e dos cavaleiros, é indestrutível e cresce com a idade e a aproximação da morte. É o segredo da beleza e a verdadeira substância de toda a arte. 


O poeta que celebra, na dança dos seus versos, as magnificências e os terrores da vida, o músico que lhes dá os tons de duma pura presença, trazem-nos a luz; aumentam a alegria e a clareza sobre a Terra, mesmo se primeiro nos fazem passar por lágrimas e emoções dolorosas. Talvez o poeta cujos versos nos encantam tenha sido um triste solitário, e o músico um sonhador melancólico: isso não impede que as suas obras participem da serenidade dos deuses e das estrelas. O que eles nos dão, não são mais as suas trevas, a sua dor ou o seu medo, é uma gota de luz pura, de eterna serenidade. Mesmo quando povos inteiros, línguas inteiras, procuram explorar as profundezas cósmicas em mitos, cosmogonias, religiões, o último e supremo termo que poderão atingir é essa serenidade." 

Hermann Hesse, in 'O Jogo das Contas de Vidro'

Quanto mais...


"Se examinarmos um indivíduo isolado sem o relacionarmos com o que o rodeia, todos os seus actos nos parecem livres. Mas se virmos a mínima relação entre esse homem e quanto o rodeia, as suas relações com o homem que lhe fala, com o livro que lê, com o trabalho que está fazendo, inclusivamente com o ar que respira ou com a luz que banha os objectos à sua roda, verificamos que cada uma dessas circunstâncias exerce influência sobre ele e guia, pelo menos, uma parte da sua actividade. E quantas mais influências destas observamos mais diminui a ideia que fazemos da sua liberdade, aumentando a ideia que fazemos da necessidade a que está submetido.
(...) A gradação da liberdade e da necessidade maiores ou menores depende do lapso de tempo maior ou menor desde a realização do acto até à apreciação desse mesmo acto. Se examino um acto que pratiquei há um minuto em condições quase as mesmas em que me encontro actualmente, esse acto parece-me absolutamente livre. Mas se aprecio um acto realizado há um mês, ao encontrar-me em circunstâncias diferentes, a meu pesar, se não tivesse realizado esse acto, não existiriam muitas coisas inúteis, agradáveis e necessárias que derivam dele. Se me translado com a memória a um acto mais remoto, a um acto de há dez anos ou mesmo mais, então as suas consequências ainda se me apresentarão mais evidentes e ser-me-á difícil representar-me seja o que for, caso aquele acto remoto nunca tivesse existido.
Quanto mais retroceder na minha memória, ou, o que vem a dar na mesma, quanto mais projectar no futuro o meu juízo, tanto mais duvidosos me parecerão os meus raciocínios acerca da liberdade do acto realizado."

Leon Tolstoi, in 'Guerra e Paz'

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Conivência culposa

O Brasil cresceu visivelmente nos últimos 80 anos. Cresceu mal, porém. Cresceu como um boi mantido, desde bezerro, dentro de uma jaula de ferro. Nossa jaula são as estruturas sociais medíocres, inscritas nas leis, para compor um país da pobreza na província mais bela da terra. Sendo assim, no Brasil do futuro, a maioria da gente nascerá e viverá nas ruas, em fome canina e ignorância figadal, enquanto a minoria rica, com medo dos pobres, se recolherá em confortáveis campos de concentração, cercados de arame farpado e eletrificado. 
Entretanto, é tão fácil nos livrarmos dessas teias, e tão necessário, que dói em nós... A nossa conivência culposa.

(Darcy Ribeiro)

Tolerância não é Igualdade

"...Eu sou contra a tolerância, porque ela não basta. Tolerar a existência do outro e permitir que ele seja diferente ainda é pouco. Quando se tolera, apenas se concede, e essa não é uma relação de igualdade, mas de superioridade de um sobre o outro. Sobre a intolerância já fizemos muitas reflexões. A intolerância é péssima, mas a tolerância não é tão boa quanto parece. Deveríamos criar uma relação entre as pessoas da qual estivessem excluídas a tolerância e a intolerância..." 


(José Saramago)
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