Tantas coisas que deixamos ir... desprendemos aquilo que nos
prende a elas e seguimos... fingimos esquecer do contato e das lembranças... Na promessa fúnebre de que a perturbação não virá dar suas caras e suas cartas mais cedo ou mais tarde.
Mas a nostalgia sempre vem, ela aparece como um mendigo bêbado não cogitado e nos veste a mente sempre que exaurimos algo
que remete ao que passou... num cheiro, num gosto, num tato, num símbolo e logo
somos tomados pela lembrança ali presente... Ou seja... é impossível esquecer o que
passou, o que fez parte, o que nos tocou em algum momento no passado... Nosso passado nos molda como as mãos do
artesão modela a argila. perceptivelmente vazia mas formada, delatora de uma causa. A causa de nosso ser e estar, do mal estar.
O futuro como algo nítido não existe. Como o concreto, é uma
criação de nossa mente. Criamos o futuro como discernimos a cidade, na
veleidade de nossa sanidade sempre expostos ao erro, ao sintoma típico de ser um homem colocado em meio ao caos tomado pelas ranhuras e apetrechos.
E por fim no presente tencionamos tudo... passado, e futuro. O
desencantamento do mundo nos prende, lembramos do que vivemos cada vez mais incorporados,
tomados pelos anseios que possam saciar a sede formalizada em afeto, certo e cômodo. Incomodados com o peso do corpo, com o peso dos dias, com o peso.
Duros nos tornamos, em pé, vestidos, conscientes de uma
vida, de uma existência amordaçada pela ciência, a loucura e o discernimento, cada vez mais aprofundados no decorrer e na absorção dos dias que nos fazem estar então na "idade da razão".
F. Sinnentleerten