quinta-feira, 2 de maio de 2013

La Prisión


Tantas coisas que deixamos ir... desprendemos aquilo que nos prende a elas e seguimos... fingimos esquecer do contato e das lembranças... Na promessa fúnebre de que a perturbação não virá dar suas caras e suas cartas mais cedo ou mais tarde.

Mas a nostalgia sempre vem, ela aparece como um mendigo bêbado não cogitado e nos veste a mente sempre que exaurimos algo que remete ao que passou... num cheiro, num gosto, num tato, num símbolo e logo somos tomados pela lembrança ali presente... Ou seja... é impossível esquecer o que passou, o que fez parte, o que nos tocou em algum momento no passado...  Nosso passado nos molda como as mãos do artesão modela a argila. perceptivelmente vazia mas formada, delatora  de uma causa. A causa de nosso ser e estar, do mal estar.

O futuro como algo nítido não existe. Como o concreto, é uma criação de nossa mente. Criamos o futuro como discernimos a cidade, na veleidade de nossa sanidade sempre expostos ao erro, ao sintoma típico de ser um homem colocado em meio ao caos tomado pelas ranhuras e apetrechos.

E por fim no presente tencionamos tudo... passado, e futuro. O desencantamento do mundo nos prende, lembramos do que vivemos cada vez mais incorporados, tomados pelos anseios que possam saciar a sede formalizada em afeto, certo e cômodo. Incomodados com o peso do corpo, com o peso dos dias, com o peso. 

Duros nos tornamos, em pé, vestidos, conscientes de uma vida, de uma existência amordaçada pela ciência, a loucura e o discernimento, cada vez  mais aprofundados no decorrer e na absorção dos dias que nos fazem estar então na "idade da razão".  


F. Sinnentleerten

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