segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O vácuo dos minutos... do medo... e da crença

E ainda chegam colunistas blasés em seus jornais burgueses estimulando nossos pensamentos em favor da meritocracia... (mesmo sabendo que alguns já começam a frente na corrida dessa incensante competição por tais méritos)
Nada pior do que o aplauso para àquilo que você é forçado por via de condições a aplaudir...
Mesmo com a banalização do conhecimento esmagado pelas tendências das massas (sedentas por prazeres e felicidades enlatadas), e com a inflação das vaidades (loucas por reconhecimento nos mais variados setores de nossa sociedade globalizada), ainda há o que semear... sem precisar se calar frente ao mundo politicamente correto moldado pelas ovelhas que gostam de ser parte do bando seguindo sem saber ou pensar pra onde está seguindo...
...semear diagnósticos não utilitaristas, sem tantos placebos para alimentar as traças, explanações tendenciosas e normativistas das questões...



...e por fim constatar que existe um enorme vácuo entre aquilo que sabemos e acreditamos, e aquilo que está onde não despendemos nenhum de nossos esforços preguiçosos e acomodados...

Olhe pro lado e veja o medo por trás de toda crença e esperança... o medo de no fundo se saberem nada... subjetivos...
O otimismo econômico integrado aos sonhos médios das operações é como um trem que corre sem destino... emplacado pelo moralismo inseguro que não consegue lembrar de si...
Entregue a vida como oferenda e creia positivamente naquilo (trabalho, ciência, religião, politica, economia.. etc) que alimenta tudo o que sua impotência racional não é capaz de exorcizar...
Sejamos então, todos, fiéis cães a seguir os nossos donos.... muitos donos.... donos demais.....

Ou... comecemos a ladrar....

Fernando da Silva Ribeiro (Sinnentleerten)


domingo, 28 de agosto de 2011

Mulher

O que são os desejos de uma mulher?
O que é o olhar de uma mulher...?

Por mais que o homem cresça e invente mirabolantes formas de se chegar à perfeição, a mulher tem o dom de mostrar-lhe que isso nada vale...
Ela o trás, ela o leva, ela o ama, ela o seduz...  E ele só quer uma coisa... Ser o herói.
O que há por trás da fixação feminina...?
Uma fixação flexível e líquida como a água de um rio que está ali, mas nunca é o mesmo...
Onde é o mar da mulher? Onde ela desemboca?
Os homens criam deuses e estereótipos com formas e conceitos masculinos, guerrilheiros, moralizadores... Mas nunca conseguiram sequer enxergar ou conceber um discernimento sobre o que é e o que representa o espírito feminino dentro de toda essa história humana.

Tudo o que o homem cria a mulher repinta, refaz, destrói e renova... Cria outros homens que possam entender as coisas com menos despotismos que o pai...
A mulher é a mão que molda a escultura, que acaricia a pedra, que pinta o quadro...
A mulher ludibria o mundo e lhe dá essências, ensina o afeto e nubla os horizontes...
E os homens se aconchegam nessas cúpulas maternais a ponto de se enxergarem machos, bichos e feras... Mas o órgão que lhes pertence entre as pernas não sabem ainda o que é gozar e sentir prazer como apenas a mulher consegue gozar e explodir...

Multitarefa que cria e namora... Faz-se de frágil e finge que implora... Mas é o homem quem mendiga a atenção, o apoio e o afago... “é um coitado”
A mulher só dá o tato, mas não entrega os mistérios escondidos por detrás de seus olhos, não diz seus verdadeiros desejos... Ela manipula com o ar de quem está brincando... Ela brinca quando está manipulando
A mulher é mais aventureira que o homem... Mesmo que isso não seja a sua prioridade
O olhar e o desejo feminino é o mistério do ser humano aqui na terra
Para o homem é só mais um objetivo a ser pego, desbravado e conquistado... (bravo vem da Itália e quer dizer genial... e o homem desbrava as coisas como ninguém)
Mas elas sabem que são muito mais do que isso, fazendo questão de esconder a multiplicidade com maquiagem, brincos e penteados... Fingem-se de palhaças para os meninos bobinhos que ainda não sabem se limpar sozinhos.
O universo feminino é underground... É alternativo perante o universo reinante e gosta desse papel que lhe dão de deusa do amor, da fertilidade, deusa entre deuses e outras coisas mais... Ela gosta de saber que o homem não repousa de seus momentos pseudoheróicos para analisá-la...
Ela sente-se terrena escondida por trás de tudo o que acontece, quando fica escuro e quando amanhece... Quando chove e quando venta... No caos e no absurdo... A mulher; esse bichinho chamado mulher é alma do mundo.


Fernando Ribeiro (Sinnentleerten)

quinta-feira, 25 de agosto de 2011













Poder é toda chance, seja ela qual for, de impor a própria vontade numa relação social, mesmo contra a relutância dos outros. 

Max Weber


Aceitar é diferente de entender.... Vivenciar é diferente de discernir conscienciosamente o momento e as coisas que implicam com os fatores que nos circunscrevem...
O dinheiro é a nossa religião, é o que dita a nossa moral... é a nossa diretriz...
Não saímos de nossas casas após consultarmos o oráculo, o santo ou a Deus, mas sim ao verificar o saldo de nossa conta no banco... corriqueiro... comumente
Entender que nossa miséria é ditada e prescrita não deve cunhar num primeiro momento a revolta ou uma postura mais hostil perante àquilo ou àquele que a aceita antes mesmo de se questionar, mas sim perceber as variedades dos mecanismos que nos diferenciam...
O ódio e a raiva é uma forma de se ter poder contra aquilo que achamos que nos aborrece.

O poder está coligado com instruções que a principio nos parece abstrato ou até invisível. Mas num raciocínio mais perspicaz poderemos adentrar e reconhecê-lo como legitimo executor nas mais simplórias  ordens estabelecidas... aderi-las não é uma opção... é nossa condição... mas refleti-la, esmiuçá-la intelectualmente é a atitude mais condizente para aquele que sabe que "atacar com as armas do inimigo lhe transformará na mesma besta reeducada com os mesmos princípios dos quais se combate".

O combate frontal contra aquilo que julgamos ser o culpado pela nossa condição é se abster de se visualizar como espelho, ou até como parte integrante de um mesmo processo que se concretiza na relação com o outro... 
as guardas baixas é hoje uma relação covarde e individualista mas que melhor se apresenta nos conflitos sem significados de nossa sociedade para consumo e nossas vidas a crédito...
Cobrar do outro alguma coisa por nossa presente falta existencial também é sintoma de que estamos contaminados por aquilo mesmo que achamos errado.

Há mais de nós no outro do que possamos imaginar...



Fernando Ribeiro (Sinnentleerten)

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Meio Sugestivo

Olhos pretos no relógio... Sexta feira; sete e meia de uma noite fria de agosto. Estou num balcão comprando uma passagem para Ribeirão Preto, cidade em que moram meus pais. O ônibus sairá as oito, então ainda dá tempo de tomar um refrigerante e comer um salgado qualquer. Ando e vejo pessoas circulando pela rodoviária movimentada por terminais de ônibus e uma estação de metrô, rostos cansados na evidência clara de um dia intenso de trabalho duro.
Chego à lanchonete, declinando-me ao buscar o cartão de débito nos bolsos de minha calça social, sou meio perdido com cartões, bilhete único, crachá de empresa... Então o acho no largo bolso de minha camisa azul. Me impacto frente meu sapato preto que precisa urgentemente ser encostado, mas pensando bem preciso juntar umas economias, pois não me sobra dinheiro para certos luxos e o que ganho serve contado para as contas e o aluguel, às vezes alguns livros também... Sou um colecionador de livros velhos, não sei se o sou por não ter condições de comprar livros novos ou se é um hobby realmente. Compro todos meus livros em sebos por aí.

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