sexta-feira, 25 de julho de 2014

Maré

"...Quem põe ponto final numa paixão com ódio, ou ainda ama, ou não consegue deixar de sofrer..."  (Ovídio)

Tarde

Jogado em meios, aos anos que passam, e as memórias que levam
Sei que há muito mais lá fora
Sei que eu não sou o limite do mundo
e que o universo conspira enquanto nos pretendemos em decisões, 
cronogramas, em solstícios

E no desatino do meu raciocínio me perco
Flutuo entre espectros e mal entendidos
Vendido, apagado no afago  de um trago de um vício
Não sei, 
tudo que mais sei é que cada vez eu sei menos...
Cada vez tenho menos certeza
Cada vez sou mais impotente,
Cada vez menos condescendente ...

... Eu sei que vi, sei que senti,
mas custo a acreditar 
que desde que nasci a única luta concreta que travo é com o tempo
Custo a aceitar que só o tempo é o que existe, 
E que o restante é reflexo neural de nossa mente doente...
Em vertentes, em ladeiras, num viés
Demônios que criamos e que nos visitam
e sussurram nos ouvidos a verdade que não podemos ouvir
Verdades que nos faz doer, em saber que lá fora o vento sopra

E que aqui dentro o infinito se compila em dor que não dá para aguentar...
E com o tempo aprendemos a simplesmente não chorar
O orgulho não nos deixa ajoelhar...
..Uma chance,
Com as mãos sujas de sangue olhar no espelho e não se refletir
Sem assumir culpas que não são nossas... Uma chance

Desatinos .... Viver

Afinal tudo são escolhas de quem não escolhemos ser, 
apenas circunstâncias em tropeços de um devaneio 
sobre o que nossos desejos e loucuras tem a dizer

Sem direção, em outros caminhos... Um outro caminho!

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