terça-feira, 10 de junho de 2014

O futebol é como a vida

É como a vida moderna (para ser mais específico). Muitos adoram dizer que futilmente são vinte e dois homens correndo atrás de uma bola numa brincadeira que não leva a nada, como “pão e circo” que embriaga e ajuda a alienar o povo.

Não digo que não concordo com isso, mas acho que quem fala (APENAS) isso é só alguém tristonho, que não brindou a oportunidade de ter alguém pra ensinar a chutar uma bola quando criança..

Tem quem torça o nariz para um bom samba, para nossas raízes mais afros e roots.. Mas as  vezes falta um pouquinho a gente CAETANEAR, LENINEAR, DJAVANEAR, JORGE ARAGANEAR essa existência dura, LECY BRANDANEAR um bom MARTINHO DA VILA, e esquecer um bocado a amargura dessa nossa “pequena” classe média, baixa, alta, até Gigante...

Pois nessa rápida vida meu caro amigo no fundo somos todos jogadores, mesmo que sem saber.
Se os vinte e dois correm numa busca por gols, títulos. Nós corremos atrás do que afinal? Acordamos para trabalhar em busca do que em nossos empregos em prestadoras de serviço de alguma coisa? Estudamos em busca do que? Por quanto? Exatas, Humanas... Absorvemos cultura, conhecimento, sabedoria ou consciência? Sei lá... Como diria nosso ilustríssimo ADONIRAN BARBOSA: “...Deus dá o frio conforme o cobertor...”

Olha só, pra mim o futebol é a mais pura cultura, uma arte universal quase bicentenária que expressa explicitamente a nossa necessidade em ter juízes e árbitros para xingar, e colocar a culpa sobre nossas perdas e imposturas...
O futebol, Ah, o FUTEBOL, esse sim é como a vida, trás a tona estórias de glórias e taças levantadas e lá naquele vestiário vazio esconde as histórias de vidas de jogadores que como muitos de nós em determinado dia tropeçaram, com chutes que não deram certo, que em algum momento fracassaram. Pois como essa nossa complexa vida ele é “simples e objetivo”, começa e termina e no meio algo mágico sempre acontece... Sempre tem quem perca, e quem ganhe.

Mas independentemente de tudo os gritos insistem em clamar, as camisas se combinam... Do outro lado da cerca se contrastam e se contradizem...

Em coro nos entendemos, nos identificamos, nos diferenciamos...
É, na banalidade da existência nos apreciamos ao saber que alguém nutre valor pelo mesmo time que nós, e isso meu amigo é sábio, muito sábio, pois é sinônimo de abraço, franqueza...


Aceitar que somos plurais, que mesmo com a “cultura do dinheiro” entrando em nossas vidas pessoais e profissionais somos capazes de vibrar gratuitamente... Sim, gratuitamente por cores e brasões passados de pai para filho, de avô para neto, de tio para sobrinho... Na tradição de um tempo que cada vez mais nos apequena e ainda assim “existimos” sendo lá no fundo torcedores... 

Não tem clichês pra quem gosta do futebol, não tem “direita e esquerda”, “patrão e operário”, no estádio eu sou a voz, somos os nós que se enlaçam e de quatro em quatro anos penduram bandeirolas.. As vezes desbotadas, as vezes meio amargas... Mas sempre com sentimento agudo de no deleite quase que primitivo poder sentir-se campeão, pois como para Elis Regina: "...Não tenho tempo de desfraldar outra bandeira que não seja a da compreensão, do encontro e do entendimento entre as pessoas..."

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