É como a vida moderna (para ser
mais específico). Muitos adoram dizer que futilmente são vinte e dois homens
correndo atrás de uma bola numa brincadeira que não leva a nada, como “pão e
circo” que embriaga e ajuda a alienar o povo.

Tem quem torça o nariz para um
bom samba, para nossas raízes mais afros e roots.. Mas as vezes falta um pouquinho a gente CAETANEAR, LENINEAR,
DJAVANEAR, JORGE ARAGANEAR essa existência dura, LECY BRANDANEAR um bom MARTINHO
DA VILA, e esquecer um bocado a amargura dessa nossa “pequena” classe média,
baixa, alta, até Gigante...
Pois nessa rápida vida meu caro
amigo no fundo somos todos jogadores, mesmo que sem saber.
Se os vinte e dois correm numa
busca por gols, títulos. Nós corremos atrás do que afinal? Acordamos para
trabalhar em busca do que em nossos empregos em prestadoras de serviço de
alguma coisa? Estudamos em busca do que? Por quanto? Exatas, Humanas... Absorvemos
cultura, conhecimento, sabedoria ou consciência? Sei lá... Como diria nosso
ilustríssimo ADONIRAN BARBOSA: “...Deus dá o frio conforme o cobertor...”
Olha só, pra mim o futebol é a mais
pura cultura, uma arte universal quase bicentenária que expressa explicitamente
a nossa necessidade em ter juízes e árbitros para xingar, e colocar a culpa
sobre nossas perdas e imposturas...
O futebol, Ah, o FUTEBOL, esse
sim é como a vida, trás a tona estórias de glórias e taças levantadas e lá
naquele vestiário vazio esconde as histórias de vidas de jogadores que como muitos
de nós em determinado dia tropeçaram, com chutes que não deram certo, que em
algum momento fracassaram. Pois como essa nossa complexa vida ele é “simples e
objetivo”, começa e termina e no meio algo mágico sempre acontece... Sempre tem
quem perca, e quem ganhe.
Mas independentemente de tudo os gritos
insistem em clamar, as camisas se combinam... Do outro lado da cerca se
contrastam e se contradizem...
Em coro nos entendemos, nos
identificamos, nos diferenciamos...
É, na banalidade da existência nos
apreciamos ao saber que alguém nutre valor pelo mesmo time que nós, e isso meu
amigo é sábio, muito sábio, pois é sinônimo de abraço, franqueza...
Aceitar que somos plurais, que
mesmo com a “cultura do dinheiro” entrando em nossas vidas pessoais e
profissionais somos capazes de vibrar gratuitamente... Sim, gratuitamente por
cores e brasões passados de pai para filho, de avô para neto, de tio para
sobrinho... Na tradição de um tempo que cada vez mais nos apequena e ainda assim
“existimos” sendo lá no fundo torcedores...
Não tem clichês pra quem gosta do
futebol, não tem “direita e esquerda”, “patrão e operário”, no estádio eu sou a
voz, somos os nós que se enlaçam e de quatro em quatro anos penduram
bandeirolas.. As vezes desbotadas, as vezes meio amargas... Mas sempre com
sentimento agudo de no deleite quase que primitivo poder sentir-se campeão,
pois como para Elis Regina: "...Não tenho tempo de desfraldar outra
bandeira que não seja a da compreensão, do encontro e do entendimento entre as
pessoas..."
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