terça-feira, 3 de junho de 2014

Fundamentalismo Idiota

Quando se está diante de um evangélico brasileiro temos a oportunidade de perceber o quão alto está seu nível de ignorância sobre os assuntos científicos, filosóficos, históricos e sociais que permeiam nossas vidas. 

Devemos levar em conta um fator simples, porém difícil de se dar no âmbito racional de nosso dia a dia para percebermos que afinal eles não representam um laço sábio quando continuam com vícios travestidos de virtudes presentes em seus credos desde o nascimento de suas fontes.

Lutero queria que qualquer um lesse a bíblia, ele pensou que qualquer um pudesse captar as mensagens bíblicas... Penso que enfim ele tenha errado assim como Lênin errou achando que operários poderiam administrar uma sociedade através da revolução.

Por mais que tendamos a pensar que o cristianismo medieval (aquele catolicismo com seu Papa e seus credos segmentados) fosse algo corruptor e cheio de problemas morais e éticos, precisamos levar em conta uma coisa. Por se tratar de uma instituição que na época carregava uma existência maior de mil anos que estava profundamente enraizada em tradições, rasgada e remendada em ordens religiosas. Ou seja, ao termos a acesso a São Tomas de Aquino, Santo Agostinho e outros grandes pensadores cristãos que elevaram a graça divina a patamares transcendentes e poéticos, percebemos que acima de tudo a Igreja Católica estava submersa a uma série de conhecimentos elevados pelo respeito a tradição existente a estrutura social de seu tempo. Fincados num passado de estudos aristotélicos e a utopia de um futuro teológico em suas teorias formularam teses em cima de questões éticas e morais nascidas num ambiente católico com centenas de anos de fundamentos e que não abria mão de estar ao lado dos cientistas dos novos tempos tentando achar e dar significado as novas leis cientificas que estavam emergindo.

Mesmo com episódios como o de Galileu (tendo de refutar conclusões cientificas em nome de acusações da Igreja), precisamos entender que por mais firme que tentassem ser com retaliações, eles sempre (com sua s maneiras hierárquicas e lentas) por fim acabavam absorvendo os novos conhecimentos aos seus métodos e tábulas.



Existiam regras naqueles tempos para seguir antes que intelectuais se pusessem a pensar autonomamente, dessa forma por mais desvinculados que pudessem estar dos ditames do clero, pensadores com Tomas More, Francis Bacon, Descartes por fim encontravam-se cada vez mais nascidos em suas instituições de origem e desligar-se delas os levaria a asfixia de significados. Assim era a posição católica que em meio a ordens e leis hierárquicas levava consigo a força de entregar a vida das pessoas valores. Essa posição foi o berço dos novos pensadores que trilharam uma série de caminhos ensejados a partir da misericórdia Cristã. 

Já o protestantismo antes de tudo pregou a “não tradição”. Por desejar uma igreja  mais primitiva em seus conceitos morais acabou por não seguir uma linha escolástica e casuística que pudesse politicamente dialogar cientificamente com o iluminismo nascente no berço da renascença, e assim desembocou suas mentes nas escrituras tentando fugir das mazelas corruptas que acreditavam ter sujado as linhas do catolicismo.

Até para pensar em Deus numa linha de raciocínio religiosa percebemos que é necessário estar linkado a uma raíz antiga de crenças, pois criá-las a parte sem entender de latim, grego, lendas e mitologias fez com que o protestantismo se desvinculasse e desembocasse no perfil do burguês que através das revoluções (que acabaram com sociedades monárquicas) caísse num posicionamento hedonista e individualista procurando por dinheiro e bem estar sem uma real e profunda preocupação com o mundo ao redor.
Sedentos por dinheiro e focados em suas próprias riquezas, em terras do novo mundo fizeram nascer aquilo que Max Weber chamou de a “Ética protestante e o Espírito do Capitalismo”.

Esses novos indivíduos reformados e reformadores, diante da sociedade se viam como detentores de dons divinos que lhes eram dados por Deus para desempenhar em Terra um papel de trabalho dentro das comunidades em que habitavam e assim trazer dinheiro e fartura para dentro de casa.
Numa visão antropológica, se "os de fora" não tivessem condições de obter dinheiro e tivessem moralmente distantes do que entendiam como correto, esses por fim eram em suas percepções desgraçados de Deus.

Hoje você percebe que essa linha de pensamento circula as mentes dos mais ignorantes evangélicos quase que de maneira eugênica, herdada por um viés evolucionista e cultural sombrio. Dinheiro e Status servem hoje de fundamento para desempenharem seus papéis moralizadores daquilo que entendem como incorreto e na maioria das vezes (ou quase sempre) não se aprofundam (e não procuram) em tentar entender cientificamente nenhum assunto que fuja de sua ordem "objetiva" das coisas.
Nasceram segregando e parece que gostam da segregação como forma de ambientalizar locais públicos, políticos, religiosos e econômicos na sociedade moderna; e hoje na face de um conservadorismo burro expelem toda e qualquer argumentação secular no reducionismo raso de seus pastores, bispos, ministros e do caralho a quatro que adoram um título para seus afazeres e subjetividade fúnebre apegados em escritos prosaicos da bíblia.

...Desde que o catolicismo trouxe a tona a necessidade da igreja para lidar com os índios e os novos seres humanos que estavam se desvendando na busca Européia por novas terras, podemos entender que no ato de fé de um católico jesuíta daquela época existia uma certa entrega missionária, que subjetivamente se desligava de interesses maiores mercantis e políticos para desenvolver uma nova metodologia de ensinamento e troca de linguagens (uma postura de estudos antropológicos) bem diferente da perspectiva protestante, que encontrava-se mais voltada a grupos específicos e proibições desnecessárias.

O preconceito evangélico e protestante é mais antigo do que possamos imaginar. Uma igreja desse cerne reformista não vê com bons olhos doações de roupas e mantimentos, pois preferem dinheiro, ostentação, ignorância. Um padre católico (por mais que tenha dificuldades em entender as dinâmicas do mundo atual) até hoje não quer dinheiro, doações sempre são bem vindas em festas, quermesses, festivais gatronômicos. Há uma leve distância ética, moral e histórica entre essas doutrinas religiosas.

Se diante de um mundo em constante mudança e movimento o Catolicismo se fez (mesmo que com dificuldades) flexível desde o renascimento foi por entender que sua parte na vida dos seres humanos sempre aconteceu ativamente no que consiste um entendimento dos distanciamentos éticos, econômicos e filosóficos que habitam nossas sociedades mais antigas. As dificuldades de grupos fundamentalistas evangélicos em lidar com essas dinâmicas é justamente a falta de tradição, de raízes valorativas, a falta de costume em pesar o homem e suas cruzes mais profundas frente a dilemas metafísicos, cientificos, a simples e básica falta de estudos. Para ser franco, a preguiça de ler e de fazer "Dialética"..


Por isso diante de grosseiros ignorantes não devemos nos admirar achando que são inocentes e bonzinhos que "não sabem o que fazem", devemos mesmo é apenas constatar alguns fatos. De que nasceram de uma revolução tão comum quanto tantas outras que prometeram utopias, mundos e fundos e no fim faleceram restando apenas espectros, e que se preferem estar inseridos no âmbito politico e econômico ao invés da filantropia gratuita é por que não entendem a real significância da fé e de Deus (ou Deuses, Orixás, etc..) na vida das pessoas. Eles gostam mesmo é de Cifras!

Um cético pode levar em conta muitas coisas, mas a tradição evangélica é só ponto de partida para agrunhas e idiotices que no nível da filosofia já estão há muito tempo superadas. Não devo satisfações a esse tipo de instituição...

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