Flores florescem e falecem enquanto os galhos tortos se multiplicam
Esperanças latejam e padecem quando o intenso vácuo nos visita
As paredes tilintam seus olhos e o travesseiro corteja seu odor
E nessa eloqüente dor não pluralizo cor
Absorvido num profundo cinza e frio...
Cinza e som... sem dom
Órfão do seu signo, da sua pele... da sua voz
Algoz que me paralisa a alma, entristece o horizonte e arranca lágrimas do meu pulsar
Atingido pelo negro dessa flâmula fincada em meus sonhos
Borboletas já não batem asas em meu lar
Prazeres sem sabor enganam meus dizeres e o cobertor não me tira a letargia
O mundo berra estridentemente e eu não ouço a gritaria
Hoje ausente de coesão
Na loucura de me ver refletido em tudo aquilo que um dia me fisgou
Perdido no tempo, sem adolescência ou idade adulta
Um velho lobo uivando pra lua
Visões nuas, cruas... sem fim... sem lado... presas na cadeia do não querer
Nossos lençóis reluzem o cheiro que se perdeu
Me gravam o gemido
Me trazem tua voz
Guardam luz e ilusão
Nossos lençóis me devaneiam em estranhos sonhos bons
Rascunham doçuras, amarguras e orações
Mergulham pétalas secas no edredom... no fundo, isso é bom
Flores florescem e falecem
E meus olhos se umedecem em seu farol que se apagou
Não ilumina
Me abisma no que sumiu e o que ficou...
Fernando da Silva Ribeiro (Sinnentleerten)
Acluofobia Acluofobia Acluofobia Acluofobia Acluofobia Acluofobia
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